segunda-feira, 18 de novembro de 2013

UMA RELIGIÃO DE UM SÓ DEUS, E MILHARES DE SANTOS


Já vi muitas vezes filósofos e estudiosos, sem nenhum vínculo religioso, chegarem a equiparar os santos Católicos com os deuses do paganismo antigo. Afirmam até que há um “Olimpo” Católico onde vigora uma rígida hierarquia. Então neste caso o catolicismo tentou preservar um núcleo doutrinário que está longe de ser totalmente compreendido sem o amparo de uma complexa cultura filosófica. Vale aqui ressaltar que todas as religiões têm seus sacerdotes e seus interpretes.


A  semelhanças entre os santos Católicos e os deuses do politeísmo pagãos se dá meio a algumas diferenças nada desprezíveis. Os deuses pagãos eram exemplos das virtudes e dos defeitos dos homens: mostravam-se egoístas, ciumentos, violentos e injustos. Já os santos Católicos são a encarnação da renúncia e do sacrifício. Os deuses pagãos expõem seus limites humanos; os santos Católicos procuram ultrapassá-los. Os deuses pagão decidem entre eles o destino dos mortais e fazem valer a sua sentença; os santos Católicos são um exemplo de retidão, moral e norte ético.


A Igreja Católica conta hoje com trinta e cinco doutores, todos eles santos que se tornaram notáveis graças a sua entrega a vida religiosa e produção doutrinária. Eu destaco destes, dois: Santo Agostinho(354-430), e São Tomás de Aquino(1225-1274), dois gigantes da filosofia e da teologia Católica. Santo Agostinho da teologia e filosofia Patrística e São Tomás de Aquino da Escolástica medieval. Quem gosta de teologia e filosofia e explicações plausíveis, inteligentes, cultas, que conciliem a fé e a razão, a crença e a ciência leiam o que for possível destes dois santos, principalmente  a Suma Teológica de São Tomás de Aquino.


Este catolicismo dos doutores foi fundamental para entender e sustentar a existência por exemplo da Santíssima Trindade, manifestações distintas –Pai, Filho e Espírito Santo - de um só Deus da mesma substância, ou seja, consubstancial. Observemos, e não precisa ser uma observação teológica, essa questão não encontramos nos Evangelhos, eles citam é verdade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas não falam nada de Santíssima Trindade. Jesus não aborda e nem explica esta questão. Ele confiou isso a Igreja. Ela foi adquirindo importância capital na Igreja à medida que esta se expandia, e são fortalecidas as fundamentações teológicas e filosóficas, e com certeza também para diferenciar-se do mundo secular, terreno- paralelamente ao qual, se bem se lembrava havia nascido. 


O Messias não queria saber dos assuntos que eram de César; o Reino do seu Pai não era deste mundo. Mas, por causa da não adesão total dos homens ao Reino de Deus, o mundo da Igreja acabou provisoriamente sendo sim, deste mundo. E a sua teologia pode ser acusada acusada pelos seus inimigos, de tudo, exceto de simples ou simplista.


Tanto como o grego ou romano conheciam, aliás, entendiam em partes é claro da sua crença pagã, um cristão do povo pouco entendia, mas, acreditam neste Deus, a um só tempo tripartido e uno matéria de acalorados debates teológicos, principalmente nos primeiros séculos do cristianismo. É bom observarmos que o cristianismo Católico é proveniente do judaísmo antigo, principal mantenedor e tradutor da crença monoteísta. Os judeus, contudo, era um povo minoritário e durante muito tempo escravizado, e nada preocupado e também impedido de seduzir outros povos e culturas para sua crença monoteísta. É sobre este alicerce que surgi a Igreja. Então podemos afirmar sem medo de errar que os homens em sua grande maioria estavam acostumados com deuses, no plural. Mais um desafio para a Igreja.


Foi aliás, a própria Igreja desde o seu primeiro mártir – Santo Estevão, e, é bom ressaltar, que foi por osmose, que Ela estimulou este caminho de meditação entre o homem e a crença cristã por meio da “santidade”, como queria Jesus, segundo a sua interpretação. Ou seja, para quem observa de fora e principalmente fora do contexto, a Igreja emprestou o seu monoteísmo, uma característica politeísta, mas é claro sem nenhuma consolidação teológica e fundamentação histórica.


O sentido de santidade é conferir um lugar especial aos cristãos que viveram plenamente o Evangelho de Jesus Cristo. Não foi a Igreja, por exemplo, quem fez de São Judas Tadeu, o santo das causas difíceis ou impossíveis, a depender da tradução. Foram os fiéis. Santo Antônio é reconhecido por dois cultos populares: o pão distribuído pelos crentes aos pobres, e isso se explica por sua vida dedicada a caridade, mas também como o santo casamenteiro, que a propósito não há nenhuma fundamentação teológica. 


Então precisamos fazer a distinção da fé fundamentada que em partes, diferencia-se da fé popular. 

Mas de uma coisa temos a certeza: a fé e devoção nos santos tiveram sua ascendência há mais de vinte séculos atrás, e não existe perspectiva nenhuma de termino. Por isso afirmo: somos uma religião que adora um só Deus, e que devota muito respeito e carinho aos milhares de santos e santas, que ainda caminham aqui na terra e da Igreja triunfante(céu) eles são orgulhos nosso, a grande prova da presença de Deus na sua Igreja, são santos, pois o próprio Jesus os santificou, através é claro da sua contribuição. Pois assim diz Santo Agostinho: “Deus nos fez sem a nossa ajuda, mas não nos salvará sem a nossa colaboração”.
 
Papa Francisco

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