segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

MINHA PSICOLOGIA

Por: Pericles Gomes

Eu,  embrionário do erro, artesão do meu próprio fugaz caminho. Folha seca levado pelo vento. Inconteste frustrado. Navegador no mar do medo. Inventor de metáforas torpes. Propagador de eufemismos. Amante da hipérbole. Fascinado pela ironia. Íntimo do pleonasmo. Desatinado pelas figuras de linguagem. E criador de uma eterna bravata contra a língua portuguesa.

A minh'alma anda cheia de um vazio proeminente, preenchida somente pelo Eterno. Vislumbro não perder a sagaz esperança de trilharmos a nossa vida e a nossa estória, como a água que segue seu percurso inexorável, contornando todos os obstáculos que surgirem pelo caminho. Que aprendamos mais essa lição com a água, pois a natureza nos ensina. Que não esqueçamos, portanto, de valorizá-la.  

Fujo dos rótulos, não gosto de ser intitulado, careço de nada disso para ser quem desejo ser. Permito-me errar, permito-me perder. Depreende-se que o ser humano está em processo de formação e é claro que eu não estou obstante deste processo. Por isso repito: permito-me errar.

O embargo que me impedia de parti, partiu. Agora sou bicho solto. Sem prisão, sem grades, sem algemas. Apenas prisioneiro de mim mesmo. Dos meus sonhos, dos meus medos, dos meus amores. No barco da minha vida, busco pelo meu porto seguro. Espero que tarde a encontrar.

O meu ópio é ser centrado em mim mesmo. O que Freud chamaria de Superego. Por conta disso sei que sou apenas mais um errante neste grande oceano da existência. Aceito as ofensas e criticas, venham de onde vier. Mas não é preciso por isso que aceitem as minhas criticas. Quanto às ofensas, podem ter certeza que jamais ofenderei ninguém.  Quero ao entardecer, encontrar por alguém que queira correr o lacônico sacrilégio de fugir comigo desse cinismo eminente.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CARTA ABERTA AOS MEUS AMIGOS

Por: Pericles Gomes

Necessitaria da  metafísica para lhes ser totalmente honesto nesta carta. Voltaire Dizia que "metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá". Daí a minha preocupação com o que quero vos dizer e que é bem provável que eu não consiga. Mas como não sei, quantas oportunidades terei para fazer isso, decide me adiantar. E mesmo difícil vou tentar.

Hoje a escrevo a vocês, meus amigos e minhas amigas, tomo emprestadas as palavras de Renato Russo para começar, vamos a elas: "Não preciso de modelos, não preciso de heróis. Tenho o s meus amigos". 

Ando meio esquisito, meio inquieto, sem criatividade. Perdi a inspiração. Adianto que nem adianta me perguntarem pelos os motivos, não saberia responder. Me tornei muito previsível. Minhas palavras perderam o sentindo, não falo coisa com coisa, como diria minha Avó. Aquele Kinho que vocês conheceram, que
tolamente se sentia onipotente, sucumbiu a realidade. Nadei contra a corrente, desbravei mundos estranhos, percorri caminhos que não me levaram a lugar algum. 

A um tempo atrás confessei o meu cansaço, que não aguentava mais. Foi então percebi o motivo da minha fadiga. Tinha abandonado os meus amigos. Numa tentativa última de resolver tudo sozinho, me frustrei. Mas cai em mim, e reanalisei rapidamente a estória, e pude perceber que, ninguém venceu nada sozinho. Nem os santos, nem os loucos. Portanto, venho publicamente vos pedi perdão. 

Perdoe-me meu amigo Abel. É verdade tenho lhe devotado pouca atenção. Amauri me desculpe também, não posso negar que tenho sido um mau amigo. Ellen prometo que nos próximos dias, lhe dedicarei algum tempo. Assim poderemos enfim por o "papo em dia". Aos meus amigos das outras cidades, realmente estou em falta com vocês, perdoe-me. E aos que convivem mais próximo a mim, peço desculpa pelas minhas tolices diárias. Não sei como vocês me suportam (nem eu me suporto as vezes), mas agradeço a tolerância e a compreensão (creio que não necessito por o nome aqui, vocês meus amigos sabem de quem eu falando).

Sempre que choro, sempre que riu, sempre que sonho, sempre que me vem em mente a eternidade... Não se assustem, mas imagino a cada um de junto a mim. Aos de perto, aos de longe, aos do dia-a-dia, muitíssimo obrigado. Não posso  lhes retribuir com outra coisa, senão com a minha singela amizade. Espero que seja o suficiente. Contudo, se não for, esforçar-me-ei para que um dia possa estar a altura das vossas amizades. Nesta minha vida repleta de ociosidade, careço sempre de um abraço forte, de carinho acalentador. 

Busco desenfreadamente ser eu mesmo, até agora não sei como conseguirei. Mainha me falou para tentar encontrar na sutileza das flores, na luz das estrela e da lua, num livro de poesias, numa brisa suave, no cheiro de amor, no chegar do dia e no seu descambar inexorável. E por fim disse-me que a forma mais fácil, seria chamar os meus amigos para junto comigo, finalizar esta procura por mim mesmo. 

E ai topam? Preciso de vocês!





segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

AUTOBIOGRAFIA DE UM MENINO EM POUCAS LINHAS

Por: Pericles Gomes

Volta e meia me pego perguntando o que me motiva, o que me mantém de pé, qual é a minha força e donde e ela é proveniente. Não sei, contudo porque motivo isso interessaria a alguém saber. Mas vou tentar elucidar de maneira meio torpe, a que conclusão cheguei.

Sou um jovem de (23) vinte e três anos, filho de seu Djalma e dona Nelma, irmão de Jailton e Ana Paula e tio de Ágatha Cecília; sem absolutamente nada de especial, não sou de uma família tradicional de Ibitupã, nem nada do tipo. Apenas moldado por sonhos e medos, como qualquer jovem da minha idade. Não tenho pretensões vultosas. Sonho apenas em ser eu mesmo, com minhas poucas qualidades e meus muitos defeitos. Sem essa de saber o que quero ser quando crescer. Pretendo morrer menino.

Não sou um louco visionário, não quero criar nenhuma cartilha ou manual a ser seguido (me assustei ao ver que algumas pessoas me seguiam no Facebook, tratei logo de excluir o botão de seguir). Não pensei em nada novo, me basta seguir o que os grandes pensaram por mim e que por expertise ou tolice não sei, sigo cegamente.

Os meus ideais, as minhas ideologias, os meus projetos, as minhas crenças e meus sonhos na verdade, não são meus. Não os criei. Os tomei emprestado ou os roubei de alguém anos luz a minha frente. Em mim tudo é cópia, nada é original. Sou o plágio em pessoa.

Não creio em super-heróis com poderes extraordinários. Enchem-me os olhos os heróis de carne e osso, de gente de verdade, do dia-a-dia, do cotidiano. Que choram, que sofrem, que erram, que sentem dor. Ao invés do Super-Homem, do Homem-Aranha, do Batman, do Robben, da Mulher Maravilha e etc. Prefiro Dom Hélder Câmara, Mahatma Gandhi, Marthin Luther King, Irmã Dulce, Nelson Mandela, João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Zilda Arns, Darcy Ribeiro entre outros tantos.

Constrange-me o elogio mesmo gostando, lido mais facilmente com a crítica. Custo a entender certas coisas. Sou muito cético às vezes. Gosto das coisas simples da vida. Gosto de jogar papo fora com os amigos, de tomar café quentinho (ou não), de ler bons livros, de escrever minhas quase poesias e de dormir até mais tarde e de passar horas lendo as poesias de Leandro Bahiah.

Politicamente me identifico com a esquerda. Como todo bom brasileiro aprecio futebol (em especial o meu Corinthians). Adoro ouvir boa música. Sou Católico por convicção. Teologia e filosofia me fascinam. Amo a minha família incondicionalmente. Sou apaixonado por uma linda mulher, pele morena, meiga, simples, muito tímida e um pouquinho indecisa (infelizmente não sou totalmente correspondido).

Mesmo assim em meio a esta notória insignificância, encontro quem goste de mim, da minha presença. Noto pessoas dispostas a escutarem o que digo, a lerem o que escrevo e por incrível que pareça, ainda juram que admiram minhas quase poesias. Cometem, por conseguinte o sacrilégio de presumirem que sou inteligente e erram tenazmente ao ouvirem os meus ultrajados conselhos de menino.

Cheguei muito longe afinal. Sou filho e neto de trabalhadores rurais e donas de casa. Até os (12) doze anos morrei literalmente na roça. Tive as noites iluminadas pela luz da lua e das estrelas (daí a minha veneração por elas) e pelo velho candeeiro feito artesanalmente por painho. Hoje sou formado em teologia (cursando bacharelado na mesma área) breve licenciado em história, cursando pedagogia, presidente de um partido político (a nível municipal), quase poeta, quase escritor e quase ganhando um salário mínimo. Para muitos, isso já seria o bastante. Não para mim.

Concluo parafraseando um dos meus poetas favoritos; Manoel de Barros:
“A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas”.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

VERDADE

Quando digo que te odeio: minto.
Quando digo que não te quero: minto.
Quando digo que não sinto saudades: minto.
Quando digo que não penso em você: minto.

Quando digo que não sonho contigo mesmo estando acordado: minto.
Quando digo que não começaria tudo novamente: minto.
Quando te digo alguma coisa: minto.
Quando não te digo nada: minto.

Quando digo que já te esqueci: minto.
Quando digo que esses versos não são para ti: minto.
Quando digo que sou feliz: minto.
Quando digo que não te amo: minto.

Quando digo que não quero mais seus beijos: minto.
Quando digo que não quero mais seus abraços: minto.
Minto para poder viver, minto para não sofrer.
Minto para mim, minto para você.

Pericles Silva Gomes

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CONFISSÃO DE UM FRACASSADO

 Por: Pericles Gomes

NÃO É UMA COISA MUITO FÁCIL DE SE ADMITIR, MAS CONFESSO QUE CANSEI!

Não é que eu tenha desistido dos meus sonhos, nem me frustrado com as minhas ideologias, nem muito menos tenha deixado de acreditar  que minha Ibitupã amada ainda será muito forte e vigorosa. Um lugar onde um dia ainda imperará a amizade, a harmonia, a paz e a serenidade.

No entanto é descomunal a minha frustração. Estou exaurido. Perdi as forças. Não aturo mais aqueles discurso políticos partidários medíocres e retrógrados, não consigo mais tolerar essa terrível divisão imposta e motiva por pilantras irresponsáveis. É duro ter que ver amigos tornando-se inimigos e vice-versa, por conta de interesses mesquinhos, baixos, espúrios ( que muitas vezes nem interesses deles mesmo não são).

Me enoja ver meus irmãos se prestando a papeis imbecis. Tenho aversão a essa baixaria que se tornou a nossa "política", que mais parece historinha de "faz de contas" ( eles fazem de conta que isso é política e  nós fazemos de conta que acreditamos). Me causa calafrios ver os nossos jovens sem sonhos, sem perspectivas, sem ocupação, sem crença, sem rumo. É intragável  certas atitudes, certos posicionamentos que de uma forma ou de outra somos obrigados a aceitar.

Estou fatigado em ver tanta imoralidade, tanto desrespeito, tanta falta de coerência, falta de discursos. Desgastei em ouvir tanta justificavas repetidas e incoerentes. É de ficar alquebrado ver o povo tão apático, tão anêmico, sem brilho, inerte diante disso tudo. E o que é pior, culpando os que se levantam contra essas promiscuidades e dizendo que "sempre foi assim"... E que vai continuar sendo para "sempre assim". Cansei de tanto cinismo.


Abomino por fim ver minha Ibitupã sendo roubada. Roubaram-nos muito mais que nosso "ouro", levaram embora os nossos sonhos, os nossos projetos, as nossas convicções. Roubaram os nossos jovens e deram de presente para o alcoolismo, para as drogas ilícitas, para a prostituição. E a alegria em saber que tem muita gente lucrando com isso.

Não tenho vergonha de reconhecer que não tenho mais forças para continuar lutando! Volta e meio me pego entristecido diante disso tudo e sem poder fazer absolutamente nada. Me constrange... Mas reconheço que perdi, sou um fracassado, não consegui. Porém tenho a consciência tranquilo de que tentei. Tentei conscientizar os jovens, tentei dialogar com quem poderia mudar isso, tentei fazer um discurso novo e agregador e também não consegui. Consola-me saber que minha parte tentei fazer.


Só não me canso de repetir o que escreveu o grande Darcy Ribeiro: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"