sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

SOFRIMENTOS NOSSOS DE CADA DIA

Por: Pericles Gomes

Há um bom tempo a pedido de um amigo, já queria escrever sobre os sofrimentos que cada um de nós traz na alma e no coração. Nos últimos dias, isso se tornou uma necessidade para mim. Agora eis-me aqui.

Shakespeare afirmava de forma latente que "todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente". E neste caso o verbo sentir, nos remete aos cinco sentidos do corpo humano (Visão, audição, paladar, tato e olfato). Sem sombra de dúvidas, a dor é capaz de interferir de forma contumaz nos nossos sentidos. E o corpo acaba pagando pelas nossas decepções. Quer sejam elas: amorosas, familiares, profissionais, religiosos e etc. Quem nunca perdeu o apetite diante de um amor perdido, do time que perdeu o campeonato, da demissão no trabalho, com as brigas dos pais? 

As dores estão ai. E cada um tem as suas e não são poucas. Agora mesmo ela bate a porta e mesmo que você não abra... acredite. Ela irá entrar... sem pedir licença. Daí a necessidade de buscarmos remédios para aliviá-las temporariamente. 

Não existe uma forma mágica para que eles(as) (dores e sofrimentos) não recaiam sobre nós. Eles(as) virão como o ladrão, sem avisar. Sem marcar data, dia ou hora. A grande maioria tenta encontrar respostas na religião. Tolice. O próprio Cristo (sendo Ele Deus) sofreu, se decepcionou, foi traído e morto. Mas Jesus tinha (e tem), algo que não o fez desistir, e que tem faltado à maioria das pessoas. Ele sabia onde queria chegar. E quem sabe onde quer chegar... não se detém. Nunca. Continua sempre em frente, mantém o foco.

Acontece que hoje em dia, as pessoas tem algo que nominei de "fragilidade mórbida", qualquer vento contrário os derruba facilmente. Mas entendo também que para alguns é mais difícil que para outros. A psicologia explica melhor que eu sobre as limitações de cada um. Não ouso fazê-lo neste espaço.

Depois desse emaranhado de palavras soltas e frases com pouca contundência, me resta deixar um último conselho. Como minha literatura e pensamentos são muito frágeis e carente de agudeza, recorro ao que escreveu o poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade: "A dor é inevitável... o sofrimento é opcional". Portanto, segundo o poeta, você quem escolhe se quer sofrer ou não. 

Decida!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CERTEZAS INCERTAS


Por: Pericles Gomes

A vulnerabilidade dos meus "inimigos" me causa espanto. É de uma pungência  inominável. Sem fim. Preferiria que eles estivessem no meu lugar. Juro.

Sonho em lutar contra guerreiros mais destemidos, mais seguros, mais fortes e menos frágil. Meu Pai me ensinou que não é muito legal "tirar doce da boca de criança".

Não quero dizer com isso que eles não me atinjam. Atingem sim. Mas o fazem sem querer. Eles erram, quando erram. E erram, quando acertam. Explico. Os meus algozes conseguem me atingir, não quando creem estar fazendo isso. É justamente o contrário. Quando eles tentam acertar ( e não conseguem) eles me ferem em cheio, sem nem saber ( contei o meu segredo).

Elaboro agora exercícios cognitivos para tentar recuperar-me dessa eterna peleja, entre a nossa necessidade contínua e a ajuda mantenedora dos afanadores bonzinhos.Não é muito inteligente pensar que é uma atividade de fácil solução.

Enquanto isso sigo com minha bravata particular contra mim mesmo.

Tem um ditado antigo que diz que: tem coisas que deveriam ser vendidas em feira livre, vergonha na cara é uma delas. E, é duro perceber que pouquíssimos compraram-na na bodega da esquina. Em tempos de usurpação e inversão de valores. Vergonha na cara é um produto muito desvalorizado no mercado. Pena para os que prezam pela moral e pela ética.


Agora não vale culpar o mundo, nem as outras pessoas. Dizendo que a vida é ruim por conta das más companhias. Antes é preciso afirmar que vida é ruim porque você é uma péssima companhia. Sabendo disso, não resta outra alternativa a não ser fazer o que propôs Alberto Caeiro no seu poema, Quem me dera:  
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.


Tudo isso faz parte das minhas certezas... incertas. Aliás como teólogo e (falso) poeta, aprendi que só tenho uma certeza: não tenho certeza nenhuma. No entanto, não ter certeza nenhuma, já uma certeza.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

CAMINHANDO

Por: Pericles Gomes 

Parti em busca de um rasgo novo, de um mandamento antigo. Não que eu queira agora já no meio do caminho, pegar o primeiro atalho que aparecer. É que não estou mais certo, de certas convicções. Sendo assim não resta outra alternativa, se não angariar novas esperanças e reviver sonhos adormecidos.

Fascinações pretéritas não me assombram, questiúnculas mal resolvidas, não mais se resolveram. Quero começar tudo de novo amanhã, na perspectiva de realizar ontem. Presente, passado, futuro não é tempo. São apenas nomes. E nomes podem ser trocados. Desafio a me provarem do contrário. Neste caso portanto troco meu futuro por você, meu passado para te ver e meu presente para te ter.

Como um bêbado na corda bamba da vida, sigo em frente sem saber ao certo, o resultado desta minha travessia. Caindo do despenhadeiro a morte me encontra. Contudo, se atravesso permaneço intacto,  apesar do risco acabrunhado.

Sem guia para me mostra o caminho, encontrei minha jornada. Quero está perto do cheiro das flores, dos cantos aves, da água de cachoeira, do velho fogão à lenha, dos meus amigos e dos meus amores. E cantar a aquela canção (Caminhos) do Raúl e do Paulo:

Você me pergunta
Aonde eu quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar
E até a gaivota que voa
Já tem seu caminho no ar
O caminho do fogo é a água
O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote
O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço
O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço
O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo
O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento
O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno
O do peixe é a rede
O do vil é o inferno
O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!

"E você ainda me pergunta:
aonde é que eu quero chegar,
se há tantos caminhos na vida
e pouquíssima esperança no ar!
E até a gaivota que voa
já tem seu caminho no ar!"

O caminho do risco é o sucesso
O acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!

Quero um final de tarde para tomar café com os amigos. Quero inspiração para escrever minhas poesias. Quero ter a quem amar e ser amado. E quero à alegria da criança que ganhou o brinquedo, da avó que ganhou um abraço do neto, do jovem que passou no vestibular e do torcedor que viu seu time ser campeão.