terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CERTEZAS INCERTAS


Por: Pericles Gomes

A vulnerabilidade dos meus "inimigos" me causa espanto. É de uma pungência  inominável. Sem fim. Preferiria que eles estivessem no meu lugar. Juro.

Sonho em lutar contra guerreiros mais destemidos, mais seguros, mais fortes e menos frágil. Meu Pai me ensinou que não é muito legal "tirar doce da boca de criança".

Não quero dizer com isso que eles não me atinjam. Atingem sim. Mas o fazem sem querer. Eles erram, quando erram. E erram, quando acertam. Explico. Os meus algozes conseguem me atingir, não quando creem estar fazendo isso. É justamente o contrário. Quando eles tentam acertar ( e não conseguem) eles me ferem em cheio, sem nem saber ( contei o meu segredo).

Elaboro agora exercícios cognitivos para tentar recuperar-me dessa eterna peleja, entre a nossa necessidade contínua e a ajuda mantenedora dos afanadores bonzinhos.Não é muito inteligente pensar que é uma atividade de fácil solução.

Enquanto isso sigo com minha bravata particular contra mim mesmo.

Tem um ditado antigo que diz que: tem coisas que deveriam ser vendidas em feira livre, vergonha na cara é uma delas. E, é duro perceber que pouquíssimos compraram-na na bodega da esquina. Em tempos de usurpação e inversão de valores. Vergonha na cara é um produto muito desvalorizado no mercado. Pena para os que prezam pela moral e pela ética.


Agora não vale culpar o mundo, nem as outras pessoas. Dizendo que a vida é ruim por conta das más companhias. Antes é preciso afirmar que vida é ruim porque você é uma péssima companhia. Sabendo disso, não resta outra alternativa a não ser fazer o que propôs Alberto Caeiro no seu poema, Quem me dera:  
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.


Tudo isso faz parte das minhas certezas... incertas. Aliás como teólogo e (falso) poeta, aprendi que só tenho uma certeza: não tenho certeza nenhuma. No entanto, não ter certeza nenhuma, já uma certeza.

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