Por: Pericles Gomes
Eu, embrionário do erro, artesão do meu próprio fugaz caminho. Folha
seca levado pelo vento. Inconteste frustrado. Navegador no mar do medo.
Inventor de metáforas torpes. Propagador de eufemismos. Amante da
hipérbole. Fascinado pela ironia. Íntimo do pleonasmo. Desatinado pelas
figuras de linguagem. E criador de uma eterna bravata contra a língua
portuguesa.
A minh'alma anda cheia de um vazio proeminente, preenchida somente pelo
Eterno. Vislumbro não perder a sagaz esperança de trilharmos a nossa
vida e a nossa estória, como a água que segue seu percurso inexorável,
contornando todos os obstáculos que surgirem pelo caminho. Que
aprendamos mais essa lição com a água, pois a natureza nos ensina. Que
não esqueçamos, portanto, de valorizá-la.
Fujo dos rótulos, não gosto de ser intitulado, careço de nada disso para
ser quem desejo ser. Permito-me errar, permito-me perder. Depreende-se
que o ser humano está em processo de formação e é claro que eu não estou
obstante deste processo. Por isso repito: permito-me errar.
O embargo que me impedia de parti, partiu. Agora sou bicho solto. Sem
prisão, sem grades, sem algemas. Apenas prisioneiro de mim mesmo. Dos
meus sonhos, dos meus medos, dos meus amores. No barco da minha vida,
busco pelo meu porto seguro. Espero que tarde a encontrar.
O meu ópio é ser centrado em mim mesmo. O que Freud chamaria de Superego. Por
conta disso sei que sou apenas mais um errante neste grande oceano da
existência. Aceito as ofensas e criticas, venham de onde vier. Mas não é
preciso por isso que aceitem as minhas criticas. Quanto às ofensas,
podem ter certeza que jamais ofenderei ninguém. Quero ao entardecer, encontrar por alguém que queira correr o lacônico sacrilégio de fugir comigo desse cinismo eminente.
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